Dois membros da seita religiosa "Jesus a verdade que marca" foram presos por apropriação indébita de cartões do programa "Bolsa Família" e de aposentadoria durante operação da Polícia Federal, no Sul de Minas. Com eles foram encontrados cartões do programa e da Previdência Social que, segundo o delegado que comandou a operação, João Carlos Giroto, pertenciam a integrantes da seita. Apesar da suspeita de que seguidores trabalhavam ilegalmente em fazendas e comércios da igreja, não foi comprovado o trabalho escravo. A Polícia Federal suspeita que o grupo religioso se organizava em associações para facilitar as movimentações financeiras e manter trabalhadores em situação análoga à escravidão.
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A ação, que também teve a participação do Ministério do Trabalho e Emprego e do Ministério Público do Trabalho, fiscalizou fazendas e estabelecimentos comerciais da seita. Segundo a Polícia Federal, a seita é oriunda do Estado de São Paulo, mas em 2005, mudou-se para Minas Gerais. O grupo religioso atua nas cidades de Minduri (MG), Andrelândia (MG), Madre de Deus(MG) e São Vicente de Minas (MG).
A assessoria da Polícia Federal disse que algumas pessoas que faziam parte do grupo procuraram ajuda e relataram aos policiais que os integrantes são cooptados pela seita e obrigados a vender todos os seus bens materiais e doar o dinheiro para os líderes do grupo. O argumento usado pelos líderes da seita é de que os integrantes deveriam "viver isolados e desprendidos dos bens materiais, onde tudo é de todos", diz a Polícia Federal.
As investigações também apontaram que os líderes da seita circulam em veículos luxuosos e submetem os adeptos a exaustivas jornadas de trabalho. A única recompensa que os seguidores recebem é a alimentação. O grupo não possui nenhum bem registrado em nome dele. Por isso, a Polícia Federal agora tenta descobrir para quem vai o dinheiro arrecadado nas comunidades.
Ao todo, 82 policiais federais, sete fiscais do Ministério do Trabalho e um membro do Ministério Público do Trabalho participaram da operação, que recebeu o nome de "Canaã". Conforme a polícia, se as denúncias forem confirmadas, os envolvidos podem responder por prática de trabalho escravo ou degradante. A pena prevista é de dois a oito anos de prisão, além de multa. Até a publicação desta nota, nenhum representante da seita se manifestou sobre o assunto.
Investigação
Esta não é a primeira vez que a Polícia Federal investiga a seita, que teria origem em Ribeirão Preto (SP). Em 2006, as precárias condições de alojamento e trabalho foram denunciadas. Na época, cerca de 800 integrantes da organização moravam em cinco fazendas em São Vicente de Minas e Minduri. Para a polícia, apesar de se organizarem em associações comunitárias sem fins lucrativos, a seita funcionava como uma empresa comercial.
Esta não é a primeira vez que a Polícia Federal investiga a seita, que teria origem em Ribeirão Preto (SP). Em 2006, as precárias condições de alojamento e trabalho foram denunciadas. Na época, cerca de 800 integrantes da organização moravam em cinco fazendas em São Vicente de Minas e Minduri. Para a polícia, apesar de se organizarem em associações comunitárias sem fins lucrativos, a seita funcionava como uma empresa comercial.
Fonte ------ G.1