segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Polícia Federal faz operação contra seita suspeita de trabalho escravo Grupo é acusado de obrigar fiéis a trabalhar sem pagamento. Estão sendo cumpridos mandados de prisão .


Do G1 Sul de Minas
Integrantes de seita estão sendo levados para sede da Polícia Federal em Varginha (Foto: Ernane Fiuza / EPTV)Integrantes de seita estão sendo levados para sede da Polícia Federal em Varginha (Foto: Ernane Fiuza / EPTV)
A Polícia Federal faz uma operação na manhã desta segunda-feira (17) em propriedades de uma seita religiosa acusada de manter fiéis como escravos. Ela é conhecida como "Comunidade Evangélica Jesus, a verdade que marca". 
Ao todo, estão sendo cumpridos 129 mandados judiciais, entre eles seis de prisão temporária, seis de busca e apreensão e 47 de condução coercitiva, além de 70 mandados de sequestro de bens, envolvendo imóveis, veículos e dinheiro.
No Sul de Minas, os mandados expedidos pela 4ª Vara Federal em Belo Horizonte (MG) estão sendo cumpridos nas cidades de Pouso Alegre, Poços de CaldasAndrelândia, Minduri, São Vicente de Minas e Lavras. Além de Minas Gerais, também há mandados sendo cumpridos em São Paulo e nas cidades baianas de CarrancasRemanso, Marporá, Barra, Ibotiram e Cotegipe.
Os envolvidos podem responder por tráfico de pessoas, organização criminosa, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.
Investigações
As investigações apontaram que os dirigentes da seita religiosa estariam mantendo pessoas em regime de escravidão nas fazendas do Sul de Minas, onde desenvolviam suas atividades e rituais religiosos.
Os fiéis, ao ingressarem na seita, eram convencidos e doar seus bens sob o argumento da convivência em uma comunidade onde tudo seria de todos. Em seguida, eles eram obrigados a trabalhar sem qualquer pagamento.
Segundo a PF, a estimativa é que o patrimônio recebido em doações dos fiéis chegue a pouco mais de R$ 100 milhões. Parte desse patrimônio teria sido convertido em grandes fazendas, casas e veículos de luxo.
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Grupo religioso já foi alvo de operação da Polícia Federal sob mesma acusação em 2013 (Foto: Reprodução EPTV)Grupo religioso já foi alvo de operação da Polícia Federal sob mesma acusação em 2013 (Foto: Reprodução EPTV)
Operação em 2013
A seita começou a ser investigada em 2011, e os trabalhos resultaram na deflagração da "Operação Canaã" em 2013, quando a Polícia Federal, o Ministério do Trabalho e Emprego e o Ministério Público do trabalho fizeram inspeções em propriedades rurais.
Conforme as investigações da época, foi identificado um sofisticado esquema de exploração do trabalho humano e lavagem de dinheiro levado a cabo por dirigentes e líderes religiosos.
Na época, dois membros da seita "Comunidade Evangélica Jesus" foram presos por apropriação indébita de cartões do programa "Bolsa Família" e de aposentadoria. Com eles, foram encontrados cartões do programa e da Previdência Social que, segundo o delegado que comandou a operação, João Carlos Giroto, pertenciam a integrantes da seita.
Apesar da suspeita de que seguidores trabalhavam ilegalmente em fazendas e comércios da igreja, na época não foi comprovado o trabalho escravo.
Segundo a Polícia Federal, a seita é oriunda de Ribeirão Preto (SP), mas em 2005, mudou-se para Minas Gerais. O grupo religioso atua nas cidades mineiras de Minduri, Andrelândia, Madre de Deus e São Vicente de Minas.
Em 2006, as precárias condições de alojamento e trabalho foram denunciadas. Na época, cerca de 800 integrantes da organização moravam em cinco fazendas em São Vicente de Minas e Minduri. Para a polícia, apesar de se organizarem em associações comunitárias sem fins lucrativos, a seita funcionava como uma empresa comercial.



Fontes --------- Globo.News