sábado, 23 de julho de 2016

Foragido é reconhecido por vítima em missa e sai preso da igreja em SP

Um homem condenado pela Justiça por tentativa de homicídio em 2005 foi preso, na noite de quinta-feira (21), após ser reconhecido pela vítima enquanto assistia uma missa na catedral de São José do Rio Preto (a 440 km de São Paulo).  Ele estava foragido desde maio passado. A vítima que o reconheceu acionou homens da Guarda Municipal, que esperaram o final da missa terminar para realizar a prisão quando todos saíam da igreja.
"Posso considerar que foi coisa de Deus. Na cidade havia duas festas grandes, uma festa do peão, e ele decidiu justamente ir na igreja onde eu estava", diz o comerciante Ricardo Alexandre da Silva, que identificou o homem condenado.
A agressão ocorreu em dezembro de 2005, quando Silva foi espancado pelo supervisor de vendas Marcos Zanchetta do Nascimento e Marlon Gerolin. Ambos estavam em um bar que fica próximo à casa da vítima. Silva foi agredido após pedir para que o volume do som do carro de Nascimento fosse diminuído.
"Eu tinha um bebê pequeno em casa, de cinco meses de idade, e pedi para diminuir o volume do som. Só que os dois aumentaram ainda mais. Filmei a placa para denunciar. Os dois foram embora, mas voltaram para me bater. Levei tanto chute na cabeça que abriram meu crânio e eu perdi o paladar e o olfato. Tenho sequelas até hoje", disse Silva, que chegou a ficar em coma por 16 dias depois do ataque. "Fiquei muito feliz que ele tenha sido preso. Só tenho a agradecer aos guardas civis."
Captura na igreja
Silva conta que estava na missa, por volta das 20h30, quando reconheceu o agressor no momento do ofertório. "Eu bati os olhos e soube que era ele. Na mesma hora saí e liguei para o meu advogado, que disse para chamar a polícia."
De fora da igreja, ele avistou uma viatura da Guarda Municipal. Os guardas foram ao local, pediram reforço e se posicionaram em todas as saídas da igreja, esperando então Nascimento deixar o local. "Tenho amigos na igreja, e eles fecharam todas as portas. Só era possível sair por um local. Quando ele colocou os pés fora da igreja, foi preso", conta Silva. A informação foi confirmada pela Guarda Municipal de Rio Preto. Ainda segundo Silva, os guardas esperaram o criminoso por aproximadamente uma hora. 
Nascimento foi levado à Central de Flagrantes de Rio Preto, onde permanece preso. Ele deve ser encaminhado, nos próximos dias, a uma cadeia, onde deve cumprir a pena de 10 anos e 10 meses de prisão pela tentativa de homicídio, em sentença proferida em 2014.
Ele recorria em liberdade ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) só que, em maio de 2016, o STF (Supremo Tribunal Federal) mudou a interpretação sobre recursos: considerou que pessoas condenadas em segunda instância na Justiça poderiam ser presas. Portanto, desde maio ele era considerado foragido. Já Gerolin, também indiciado, permanece em liberdade aguardando julgamento.
Segundo o advogado Rogério Cury, responsável pelas defesas de Nascimento e Gerolin, o primeiro não pode ser considerado foragido. mesmo existindo um mandado de prisão contra seu cliente. Para a Justiça, no entanto, como o mandado não foi cumprido, Nascimento era considerado foragido.
"Ele não se esquivou, em momento nenhum, do cumprimento do mandado, o que o descaracterizaria o uso do termo fugitivo. Ele trabalhava no mesmo lugar, morava no mesmo lugar. O que houve foi um mandado de prisão que não foi cumprido. Tanto que ele foi localizado na igreja e não apresentou nenhuma reação ao cumprimento", disse o advogado
Cury afirma que recorreu ao STJ contra a sentença e também ao STF contra a decisão normativa que estipulou que presos em segunda instância sejam presos sem a necessidade de condenação definitiva. "Esperamos o julgamento desses dois recursos."
Em relação a Gerolin, o advogado diz que conseguiu o adiamento do julgamento em uma decisão no STJ, e acredita que pode ser realizado ainda neste ano.


Uol

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