BRASÍLIA — O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o vice-presidente Michel Temer se reuniram na tarde terça-feira na residência oficial do Senado. O encontro durou 1h10 e contou com a participação do senador Romero Jucá (PMDB-RR) , justamente para fazer a reaproximação entre os dois. Na pauta, estavam a votação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff nesta quarta-feira e a busca por apoio para o corte de dez ministérios que Temer pretende promover num eventual futuro governo.
— O vice-presidente Michel Temer apresentou a nova configuração com a redução de dez ministérios. Essa proposta tem o apoio integral do Senado, do presidente Renan, de todos nós que sempre lutamos para que a máquina pública pudesse ser diminuída — afirmou o presidente nacional do PMDB, senador Romero Jucá (RR), que participou da reunião.
Jucá acredita que o corte de ministérios não vai atrapalhar a formação da base política do novo governo no Congresso.
— Isso (corte de ministério) não tem nada a ver com a base política. O presidente Michel está completamente habilitado para construir a base dentro de uma nova ótica, que é a valorização da política e o respeito à sociedade. As ruas estão clamando e a política tem que responder.
O presidente do PMDB disse que Renan informou que, em caso de aprovação da admissibildiade do processo de impeachment no Senado, a presidente Dilma Rousseff será notificada na quinta-feira e deverá deixar o cargo imediatamente. Temer assume em seguida de forma interina.Segundo o senador, o encontro, que foi uma iniciativa de Temer, também serviu para o vice-presidente se inteirar do rito do impeachment depois da votação de quarta-feira no Senado.
Na reunião desta terça-feira, foram debatidos ainda assuntos de interesse do futuro governo que precisam da aprovação do Congresso.
— A redução da meta fiscal tem até o dia 22 para ser aprovada e será preciso o presidente Renan fazer a convocação da votação.
Se não ocorrer a votação até essa data, o governo vai sofrer paralisações de atividades, o que preocupa o aliado de Temer.
Após tomar posse, ainda segundo Jucá, o peemedebista pretende estudar se o déficit de R$ 96 bilhões estimado agora pelo governo Dilma está dentro da realidade.
— Vamos fazer uma nova avaliação e verificar se é um número verdadeiro.
O presidente do PMDB ainda revelou que os novos ministros devem tomar posse já na quinta-feira e que, no momento, não está programado nenhum pronunciamento em cadeia de rádio e televisão por parte de Temer.
Jucá descartou ainda conflitos com aliados do governo Dilma, apesar de afirmar que o novo governo exigirá respeito à lei.
— Se há beligerância, se há violência se há perspectiva de ameaça do lado do atual governo, da nossa parte não há esse tipo de procedimento. Mesmo eles ficando na oposição, serão ouvidos. Não é porque você pensa diferente que vai hostilizar ou desqualificar as pessoas. Lamentavelmente, algumas pessoas do atual governo estão agindo dessa forma.
ATUAÇÃO DE RENAN
Renan vinha sendo considerado "aliado" de Dilma pelo grupo de Temer, mas ontem foi firme ao ignorar a manobra do presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão, de querer anular o processo. Inicialmente, a informação era que o encontro seria realizado no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente.
O Senado marcou a sessão de votação da abertura do processo de impeachment para as 9h desta quarta-feira. Renan quer concluir a votação no mesmo dia.
Nesta terça-feira, o Senado realiza sessão para votar a cassação do senador Delcídio Amaral (sem partido-MS). A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) voltou atrás e aprovou, à noite, o parecer do relator Ricardo Ferraço (PSDB-ES), favorável à cassação.
Também nesta terça, o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva almoçou com Dilma no Palácio da Alvorada. Os dois discutiram estratégias políticas e a conjuntura após o afastamento de Dilma pelo Senado nesta quarta-feira, que é dado como certo.
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