Rio - Lobos em pele de cordeiros. Recentes prisões de pastores ou falsos líderes religiosos alertaram a polícia e as congregações oficiais para criminosos que usam igrejas de diferentes denominações como fachada para cometer crimes. Em sete meses, pelo menos três homens foram presos, acusados de estupro, roubos, receptação e estelionato, usando a Bíblia para acobertar ações no estado. Outros suspeitos são investigados.
O delegado da 93ª DP (Volta Redonda), Antônio da Luz Furtado, diz já ter perdido a conta do número de pessoas que usam esse tipo de artifício. Recentemente, a polícia prendeu Edílson Ferreira de Sá, que comandava o rebanho de fiéis da Igreja Assembleia de Deus do Ministério Casa Família, em Volta Redonda, no Sul Fluminense.
No dia seguinte, fiéis acordaram estarrecidos com a notícia: foram encontrados na casa do pastor equipamentos avaliados em R$ 3 milhões, roubados de um estaleiro. O que mais surpreendeu, no entanto, foi a constatação de que o ‘religioso’ tinha uma ficha criminal robusta: 14 passagens pela polícia por crimes diversos, incluindo roubo, receptação e estelionato.
Com experiência na investigação de casos semelhantes, o delegado Antônio Furtado está criando uma cartilha com cuidados que as pessoas devem tomar para evitar cair na lábia de falsos líderes religiosos. “Indivíduos inescrupulosos estudam oratória e até psicologia para ganhar a confiança das vítimas e lesá-las”, ressalta o policial.
As dicas do delegado poderiam ter evitado, por exemplo, o abuso sexual de 14 meninas também em Volta Redonda. Pelo crime, o pastor Reginaldo Sena dos Santos, de 59 anos, conhecido como Ungido, e que estava fundando uma igreja no bairro Retiro, foi condenado a 78 anos de prisão. Para agir, ele contava com a ‘missionária’ Maria de Fátima Costa da Silva, 58 anos, condenada a 16 de cadeia.
No dia 7 de janeiro, o pastor Salvador Moreira, 49, foi preso em São João da Barra, no litoral norte fluminense, por estuprar sua enteada de 7 anos. Na casa dele foram encontrados vídeos pornográficos. Em agosto de 2013, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, outro pastor, de 33 anos, foi para atrás das grades pelo estupro de uma criança de 12 anos na própria igreja. Em todos os casos, os suspeitos negam os crimes.
Teóloga quer fiscalização
A luz vermelha acendeu também entre teólogos e líderes de congregações tradicionais. A teóloga Rute Felipe da Silva, da Faculdade Batista do Rio de Janeiro (Fabat), defende a criação de um órgão regulador que, sem ferir a doutrina de cada religião, possa acompanhar a conduta dos pastores.
“A missão de um bom pastor é apascentar, levar a palavra de Deus aos fiéis, estar sempre junto deles, nos momentos de alegria e tristeza. Por isso, quem pastoreia tem que ter bons fundamentos e ser um exemplo. Nunca se envolver em escândalos e crimes”, opina Rute.
Polêmico em suas posições, o pastor Silas Malafaia, líder da Igreja Assembléia de Deus Vitória em Cristo, vai mais longe. “Tem muito picareta espalhado por aí usando o nome de Deus para cometer toda a sorte de crimes. A Polícia Federal tinha que entrar nessa história e enquadrar todos os picaretas, vagabundos”, disse. Já o pastor Marcos Gladstone, da Igreja Cristã Contemporânea, defende que é dever das igrejas exigir que seus líderes tenham seriedade na pregação do Evangelho e conduta idônea. “Até antecedentes criminais de pastores deveriam ser pedidos..
Fonte ------------------- IG.
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