sábado, 10 de outubro de 2015

O Governo liberou 843 mil para filme sobre Jean Wyllys?

É verdade que o Governo irá patrocinar um filme no valor de R$843 mil que vai contar a história da vida de Jean Wyllys?
A notícia surgiu nas redes sociais na primeira semana de outubro de 2015 e afirma que o Ministério da Cultura irá liberar, mesmo com o país em crise, quase um milhão de reais para uma produtora que irá fazer um filme contando a história da vida do deputado federal Jean Wyllys.
De acordo com a manchete, a vida do ex-BBB será filmada com recursos públicos pela produtora Lente Viva, através do benefício da Lei Rouanet de Incentivo à Cultura e estreará ainda esse ano!
Será que essa notícia é verdadeira ou falsa?
Governo irá doar quase um milhão de reais para a gravação de um filme sobre Jean Wyllys! Será verdade? (foto: Reprodução)
Governo irá doar quase um milhão de reais para a gravação de um filme sobre Jean Wyllys! Será verdade? (foto: Reprodução)

Verdadeiro ou falso?

Apesar de começar a se espalhar no começo de outubro de 2015, a notícia foi publicada pela primeira vez em janeiro do mesmo ano. Na ocasião, a produtora Lente Viva havia conseguido a autorização da Ancine (Agência Nacional do Cinema) para correr atrás de patrocínio para a produção de um documentário a respeito da trajetória política do deputado.
No Despacho Decisório nº. 201 de 19-12-2014, publicado no Diário Oficial do dia 22/12/2014, o Superintendente de Fomento, Felipe Vogas, aprovou o projeto audiovisual e autorizou a Lente Viva Filmes Ltda. a captar recursos.
Ou seja, conforme podemos verificar, o Governo não deu dinheiro para a que fosse produzido algo sobre a vida de Jean Wyllys (leia a atualização abaixo). A Ancine apenas autorizou a captação de recursos por parte dos produtores!
A produtora também fez os tramites legais para tentar o incentivo através da Lei Rouanet – que, conforme já explicamos aqui no E-farsas em outra ocasiãonão “dá dinheiro” para os artistas  (leia a atualização abaixo), mas permite que empresas invistam nesses projetos em troca de descontos fiscais.
Atualização 07/10/2015
Conforme bem observado por inúmeros leitores, precisamos explicar aqui que tanto a Lei Rouanet quanto a Lei de Audiovisual preveem descontos no imposto de renda para pessoas físicas e jurídicas que optam por patrocinar projetos referentes à cultura no país. Portanto, o Governo deixaria de arrecadar esse imposto e, na teoria está “perdendo esse dinheiro” ou “deixando de receber” esse dinheiro.
A questão é muito mais ampla do que isso, mas gostaríamos apenas de deixar registrado aqui que ouvimos nossos leitores e que esse espaço está sempre aberto ao debate (desde que respeitadas as opiniões contrárias).   
A Lei Rouanet, por exemplo, é considerada antiquada por muitos e sua atualização já está tramitando no Congresso Nacional há 5 anos, conforme é explicado no jornal O Globo. Um dos pontos centrais da discussão é justamente a questão da isenção fiscal por parte de quem patrocina um projeto desses.
Outro ponto que chama bastante a atenção é o excesso de irregularidades constatado em diversas produções realizadas nos últimos anos, como podemos ver nessa matéria da revista Época, de setembro de 2015. 
Para quem patrocina projetos como esse pensando em investimento, também não é uma boa ideia, pois a Receita Federal só restitui o valor do imposto de renda no ano seguinte apenas com a correção monetária. Se a empresa (ou a pessoa) optasse por investir o seu dinheiro em fundos de renda fixa, por exemplo, a lucratividade seria bem maior.
Fim da atualização de 07/10/2015
No entanto, uma busca no site do Ministério da Cultura mostra que o projeto de número 143469 de pedido de captação de recursos para o documentário Tempos de Jean Wyllys foi negado pela comissão que analisa esses projetos. O pedido foi encerrado conforme portaria nº 44, de 15 de maio de 2014, e publicado no Diário Oficial da União de 16 de maio de 2014.
O projeto não foi selecionado pelo Ministério da Cultura!
O projeto não foi selecionado pelo Ministério da Cultura!

Documentário será terminado através de “Vaquinha”

No dia 05 de outubro de 2015, os produtores do documentário publicaram na página do projeto no Facebook uma notaexplicando que o documentário é completamente independente que se mantém há três anos exclusivamente com recursos próprios dos realizadores, mas que havia chegado o momento de pedirem o restante do dinheiro através de crowdfunding (um tipo de vaquinha online) para poderem terminar o filme:
“[…] como já resolvemos a maior parte da produção – isto é, investimos grande parte dos R$ 840 mil do próprio bolso – precisamos de menos dinheiro para terminar o filme. Por isso, as metas de R$ 120 e R$ 300 mil, conforme explicado na campanha no Catarse.[…]”



Fonte ------------------- FARSA.COM

Nenhum comentário:

Postar um comentário