terça-feira, 20 de outubro de 2015

Morre aos 80 anos de idade a atora de novelas yona magalhaes

Falar dos 60 anos da TV e das novelas e não falar da carioca Yoná Magalhães Gonçalves Mendes da Costa (de 7 de agosto de 1935), mas conhecida como Yoná Magalhães, é quase um sacrilégio.
(Yoná e Juca de Oliveira).
Estrela sim, mas com muita simplicidade. Não gosta de badalações, gosta das coisas simples da vida. Não tem preferência por autores, mas por personagens. No alto de sua experiência, dá a receita simples de uma boa novela.
— As novelas sempre me caíram no colo. Do esquema que fazia na Von Martius para o Projac não tem diferença, apenas ampliou. Que bom! É claro, agora fica mais difícil bater na porta do diretor, explicar e resolver. Mas tudo bem. Quanto aos autores tem aqueles que a gente conhece, sabe como vai escrever. Não tenho saudades, mas lamento a falta de um Dias (Gomes), da Janete (Clair), da Ivani Ribeiro, do Avancini, porque eram pessoas maravilhosas e amigas. Gente que saiu do rádio e tinham toda aquela carpintaria. São pessoas que já cumpriram sua parte aqui e fazem muita falta. Novela para mim é o que estes autores fizeram e que os autores excelentes continuam fazendo. Como o Gilberto Braga, por exemplo. O ingrediente da novela é a base que não pode mudar. Afinal, ou é um bolo ou um pudim. O bolo se faz com farinha de trigo, ovo, leite e açúcar O pudim não. A base tem que ser o bolo, que pode ser de chocolate, de abacaxi, o que o autor quiser. A estrutura não pode mudar, que é o inconsciente coletivo, que é o que digo que é a massa do bolo. Os enfeites, os abacaxis, seja lá o que se vai colocar, tem que acompanhar o seu tempo. Se mudar é outra coisa, não é bolo — afirmou Yoná, para o Blog Nostalgia.
(Yoná).
Ela começou a carreira no rádio e TV Tupi em 1954, fazendo pequenos papéis e figuração, depois de muito trabalho teve sua grande chance, e vieram os grandes papéis de destaques. Isso tudo antes do videoteipe, quando este surgiu ela já estava casada com o produtor Luís Augusto Mendes, pai de seu filho: Marcos Mendes.
Afastada do Rio para morar na Bahia, não abandonou seu trabalho. Quando voltou ao Rio, em 1964, estava grávida, e foi nesse ano que nasceu Marcos. Antes de voltar ao vídeo, dirigida por Sérgio Cardoso.
A popularidade da atriz, porém, veio em março de 1966 quando foi convidada por Walter Clark para participar da novela “Eu Compro Essa Mulher” (1966), de Glória Magadan, na recém-inaugurada TV Globo, canal 4, onde formou com o ator Carlos Alberto o primeiro par romântico da emissora.
(Yoná e Leila Diniz, em Eu compro essa...).
Essa foi a primeira novela de sucesso da Globo e Yoná era a protagonista. O Rio de Janeiro parava, às 21h30, para assistir, sob o patrocínio da Golgate-Palmolive, a trama da escritora cubana.
A novela marcou muito, pois tinha uma trilha sonora revolucionária composta pelo maestro Erlon Chaves: era um solo de assobio como música-tema. Foi a partir dessa novela que eu passei a acompanhar as novelas e, por consequência, os trabalhos de Yoná. Portanto, ela tem para mim um valor especial. Sou fã de carteirinha, por isso, essa homenagem mais do que especial que estou fazendo a Yoná Magalhães. 
(Henrique Martins, Yoná e Amilton Fernandes, em O Sheik de Agadir).
A atriz trabalhou ainda em outras novelas da mesma autora, como “O Sheik de Agadir” (1966), com Henrique Martins, Amilton Fernandes, Leila Diniz e Marieta Severo, “A Sombra de Rebecca” (1967), “O Homem Proibido” (1968), “A Gata de Vison” (1968/1969), quando contracenou com Tarcísio Meira e Geraldo Del Rey, e “A Ponte dos Suspiros” (1969).
(Carlos Alberto e Yoná, em A Ponte dos Suspiros).
“A Ponte dos Suspiros” foi o último dramalhão da Globo e a despedida da atriz da emissora.
(Carlos Alberto e Yoná)
Em 1970, depois de quatro anos como o casal mais importante da Globo, eles resolveram rescindir o contrato e assinar com a TV Tupi. Seria o fim de um casamento profissional e, sem que eles soubessem, seria a última novela em que o casal atuaria junto, pois logo depois se separaram. Porém, com o ator Carlos Alberto, Yoná formou a dupla mais famosa da televisão brasileira, na época. 
(Henrique Martins e Yoná, em O Sheik...).
Na TV Tupi, fizeram a primeira novela contemporânea de suas carreiras: “Simplesmente Maria”, dirigida por Walter Avancini.
(Leonardo Villar, Marília Pêra, Paulo Goulart e Yoná).
Em 1972, voltou para a emissora que a havia consagrado: TV Globo. Ela foi convidada para viver Nara Paranhos de Vasconcelos a rival de Serafina (Marília Pêra) na novela “Uma Rosa com Amor”, de Vicente Sesso, sob a direção de Walter Campos. Yoná voltava ao Jardim Botânico, onde ficavam os estúdios da emissora na época, usando uma peruca loira.
Para nós, telespectadores, aquela peruca loira simbolizava um novo ciclo que começava na carreira da atriz.
(Yoná em A Sombra de Rebeca).(A Sombra de Rebeca, Yoná sentada).
Em 1973, foi convidada para participar da trama de “O semideus”, de Janete Clair, sob a direção de Daniel Filho e Walter Avancini. Foi um momento histórico, pois atuava ao lado dos atores Tarcísio Meira, Glória Menezes e Francisco Cuoco. Daí, o título da novela. Afinal, eram os Deuses das telenovelas reunidos num mesmo elenco.
(Cuoco e Yoná, em O semideus).
Já em 1974, atuou em “Corrida do Ouro”, de Lauro César Muniz, que teve a colaboração de Gilberto Braga e a direção de Reynaldo Boury.
(Yoná e Cuoco).
Em 1975, a atriz participou de duas novelas de sucesso: “Cuca Lega”, de Marcos Rey, sob a direção de Oswaldo Loureiro, e “O Grito”, de Jorge Andrade, que foi dirigida por Walter Avancini, Roberto Talma e Gonzaga Blota.
(Francisco Cuoco e Yoná).
No ano seguinte, a atriz integrou o elenco de “Saramandaia”, de Dias Gomes, dirigida novamente pelo mesmo trio.
(Zilka Salaberry e Yoná, A Ponte dos...).
A atriz participou, ainda, de “Espelho Mágico” (1977), de Lauro César Muniz, com direção de Daniel Filho, Gonzaga Blota e Marco Aurélio Bagno. Na trama, que retratava o cotidiano dos profissionais que trabalham na televisão, Yoná Magalhães interpretou Nora Pelegrini, uma ex-estrela que amargava papéis coadjuvantes.
(Vanda Lacerda e Yoná, em Eu Compro...).
Logo depois, em 1978, fez “Sinal de Alerta”, escrita por Dias Gomes e Walter George Durst, onde vivia o papel da jornalista Talita, proprietária da Folha do Rio, jornal que lidera uma campanha contra a deterioração do meio ambiente. A novela teve direção de Jardel Mello, Gonzaga Blota e Paulo Ubiratan.
No final da década de 80, se mudou para São Paulo, onde trabalhou na TV Tupi, atuando na novela “Gaivotas”, de Jorge Andrade, e na TV Bandeirantes, onde seria a sobrinha de Dercy Gonçalves na novela “Cavalo Amarelo”, de Ivani Ribeiro. Com o sucesso das personagens, foi criado para as duas a novela “Dulcineia Vai a Guerra”, de Sérgio Jockman e Jorge Andrade.
(Emiliano Queiroz e Yoná).
Em 84, já na Globo, participou de “Amor com amor se paga”, de Ivani Ribeiro.
Passou por todas as fases das novelas. Dos dramalhões de Glória Magadan, até a exuberante Matilde, de "Roque Santeiro" (1985), que era a dona da boate onde trabalham as dançarinas Ninon (Cláudia Raia) e Rosaly (Isis de Oliveira). A novela de Dias Gomes e Aguinaldo Silva é considerada a trama de maior sucesso da história da Rede Globo.
A seguir, ela participou de “O Outro” (1987), escrita por Aguinaldo Silva, na qual interpretou a exuberante Índia do Brasil, secretaria do personagem Denizard (Francisco Cuoco). No ano seguinte, trabalhou em “Tieta” (1989), de Aguinaldo Silva, Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares, quando viveu Tonha, mulher de Zé Esteves (Sebastião Vasconcelos), pai de Tieta (Betty Faria).
Em 1990, atuou em “Meu Bem, Meu Mal”, de Cassiano Gabus Mendes, no papel de Valentina, irmã de Dom Lázaro, vivido pelo ator Lima Duarte. Dois anos depois, participou da novela “Despedida de Solteiro” (1992), escrita por Walther Negrão, Rose Calza e Ângela Carneiro. Até o final da década de 1990, participou ainda de outras três novelas do autor Walther Negrão: “Anjo de Mim” (1996), na qual interpretou Ivete; “Era uma vez...” (1998), no papel de Anita, e “Vila Madalena” (1998), quando viveu Abigail Rodriguez, a Bibiana.
Em 2001, a atriz participou de duas novelas: “A Padroeira’, de Walcyr Carrasco, com a direção de Walter Avancini – em seu último trabalho – e Mário Márcio Bandarra. E “As Filhas da Mãe”, escrita por Silvio de Abreu, Alcides Nogueira e Bosco Brasil, com direção de Jorge Fernando.
Do autor Silvio de Abreu, Yoná Magalhães havia trabalhado ainda em “A Próxima Vítima”, 1995, no papel de Carmela Ferreto (Cacá), uma das quatro irmãs Ferreto. O personagem dela causou polêmica, pois tinha um relacionamento com um rapaz muito mais jovem, Adriano (Lugui Palhares).
Em 2007, Yoná Magalhães integrou o elenco da novela “Paraíso Tropical”, de Gilberto Braga e Ricardo Linhares. Na trama, deu vida à ex-vedete Virgínia, mulher do malandro Belisário Cavalcanti (Hugo Carvana), com quem participava de alguns pequenos golpes que visavam, sobretudo, manter o padrão de vida do casal, agora decadente. O personagem de Yoná teve brigas memoráveis com a síndica do edifício Copa Mar, em Copacabana, onde morava a inesquecível Dona Iracema (Daisy Lúcidi), que era síndica do edifício Copa Mara, em Copacabana, edifício em que às personagens moravam.


Fonte ----------- O Globo.

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