Os bispos católicos do Brasil não têm nem ideia do que devem fazer para enfrentar os casos de clérigos pedófilos, afirmou nesta quarta-feira (8) o padre brasileiro Edênio Vale, no simpósio organizado pelo Vaticano sobre a pederastia realizado na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.
Vale, da congregação do Verbo Divino, analisou perante representantes de 110 conferências episcopais e 30 ordens religiosas a situação da Igreja no Brasil, onde "milhões de famílias vivem em condições de miséria e abandono, o que faz com que as crianças sejam mais vulneráveis a indivíduos sexualmente imaturos", disse.
O religioso denunciou que enquanto os meios de comunicação brasileiros informam amplamente os casos de abusos sexuais a menores que ocorrem no mundo, reagem moderadamente em relação aos casos nacionais.
"Formulo a hipótese que essa relativa moderação no tocante aos escândalos dos sacerdotes católicos se deva ao fato que a pedofilia e a efebofilia são um comportamento culturalmente mais tolerado no Brasil que nos países da Europa e da América do Norte", afirmou.
Vale lembrou a considerável presença de prostituição infantil, sobretudo feminina, e o peso do turismo sexual em algumas capitais e cidades turísticas "que atraem europeus justamente pela facilidade que encontram aqui para a exploração sexual de menores".
Em relação à atuação da Igreja brasileira contra esses casos, Vale frisou que há uma "certa perplexidade" por parte dos bispos sobre o que é preciso fazer, acrescentando que outros críticos "mais severos" pensam que há uma falta de "vontade política por parte do clero em geral".
"Que eu saiba, a Igreja não está programando medidas e procedimentos efetivos em curto, médio ou longo prazo. Não está debatendo seriamente problemas de fundo. Há, isso sim, iniciativas pontuais de pessoas ou grupos, mas não uma resposta coerentemente pensada e posta em prática em termos gerais", continuou.
Edênio Vale comentou que no Brasil não há lugares onde acolher, recuperar e curar as vítimas, que, em geral, "são apenas retiradas de cena", denunciou.
Segundo o religioso, as medidas adotadas pelos bispos costumam ser improvisadas e paliativas.
"Não há centros especializados atender nem os sacerdotes, nem suas vítimas. É dada pouca atenção às consequências que têm os comportamentos dos abusadores para a comunidade na qual cometem os abusos", salientou.
Vale destacou que ultimamente, "perante a insistência" da Santa Sé, dá-se mais atenção à pederastia, "apesar das medidas parecem limitar-se mais à aplicação de sanções canônicas, como a suspensão das ordens".
O padre se mostrou convencido que no Brasil as penas de clérigos pedófilos trarão consigo consequências financeiras para as dioceses e para as congregações religiosas, como ocorreu em outros países, entre eles os Estados Unidos.
Vale concluiu dizendo que o problema do abuso sexual entre o clero católico "não tem nem terá uma solução fácil em curto prazo", e que suspeita que há "silêncios" e que "certas verdades não estão sendo ditas".
Vale, da congregação do Verbo Divino, analisou perante representantes de 110 conferências episcopais e 30 ordens religiosas a situação da Igreja no Brasil, onde "milhões de famílias vivem em condições de miséria e abandono, o que faz com que as crianças sejam mais vulneráveis a indivíduos sexualmente imaturos", disse.
O religioso denunciou que enquanto os meios de comunicação brasileiros informam amplamente os casos de abusos sexuais a menores que ocorrem no mundo, reagem moderadamente em relação aos casos nacionais.
"Formulo a hipótese que essa relativa moderação no tocante aos escândalos dos sacerdotes católicos se deva ao fato que a pedofilia e a efebofilia são um comportamento culturalmente mais tolerado no Brasil que nos países da Europa e da América do Norte", afirmou.
Vale lembrou a considerável presença de prostituição infantil, sobretudo feminina, e o peso do turismo sexual em algumas capitais e cidades turísticas "que atraem europeus justamente pela facilidade que encontram aqui para a exploração sexual de menores".
Em relação à atuação da Igreja brasileira contra esses casos, Vale frisou que há uma "certa perplexidade" por parte dos bispos sobre o que é preciso fazer, acrescentando que outros críticos "mais severos" pensam que há uma falta de "vontade política por parte do clero em geral".
"Que eu saiba, a Igreja não está programando medidas e procedimentos efetivos em curto, médio ou longo prazo. Não está debatendo seriamente problemas de fundo. Há, isso sim, iniciativas pontuais de pessoas ou grupos, mas não uma resposta coerentemente pensada e posta em prática em termos gerais", continuou.
Edênio Vale comentou que no Brasil não há lugares onde acolher, recuperar e curar as vítimas, que, em geral, "são apenas retiradas de cena", denunciou.
Segundo o religioso, as medidas adotadas pelos bispos costumam ser improvisadas e paliativas.
"Não há centros especializados atender nem os sacerdotes, nem suas vítimas. É dada pouca atenção às consequências que têm os comportamentos dos abusadores para a comunidade na qual cometem os abusos", salientou.
Vale destacou que ultimamente, "perante a insistência" da Santa Sé, dá-se mais atenção à pederastia, "apesar das medidas parecem limitar-se mais à aplicação de sanções canônicas, como a suspensão das ordens".
O padre se mostrou convencido que no Brasil as penas de clérigos pedófilos trarão consigo consequências financeiras para as dioceses e para as congregações religiosas, como ocorreu em outros países, entre eles os Estados Unidos.
Vale concluiu dizendo que o problema do abuso sexual entre o clero católico "não tem nem terá uma solução fácil em curto prazo", e que suspeita que há "silêncios" e que "certas verdades não estão sendo ditas".
Fonte: EFE
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