Reflexões no Salmo 43
Marcelo Gomes
“Faze-me justiça, ó Deus, e pleiteia a minha causa contra a nação contenciosa; livra-me do homem fraudulento e injusto. Pois tu és o Deus da minha fortaleza. Por que me rejeitas? Por que hei de andar eu lamentando sob a opressão dos meus inimigos? Envia a tua luz e a tua verdade, para que me guiem e me levem ao teu santo monte e aos teus tabernáculos. Então, irei ao altar de Deus, que é a minha grande alegria; ao som da harpa eu te louvarei, ó Deus, Deus meu. Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu”.
Marcelo Gomes
“Faze-me justiça, ó Deus, e pleiteia a minha causa contra a nação contenciosa; livra-me do homem fraudulento e injusto. Pois tu és o Deus da minha fortaleza. Por que me rejeitas? Por que hei de andar eu lamentando sob a opressão dos meus inimigos? Envia a tua luz e a tua verdade, para que me guiem e me levem ao teu santo monte e aos teus tabernáculos. Então, irei ao altar de Deus, que é a minha grande alegria; ao som da harpa eu te louvarei, ó Deus, Deus meu. Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu”.
Se somos sinceros, reconhecemos que somos pecadores. Não é apenas uma questão a respeito do que fazemos, mas um problema que envolve nossa natureza e constituição. Somos pecadores. Como diria o apóstolo Paulo, “miseráveis homens que somos; quem nos livrará do corpo desta morte?” Como diria Jesus: “quem não tem pecado, que atire a primeira pedra”.
Contudo, temos em nós, ainda que minimamente, certa noção dos limites que não devemos ultrapassar. Há em nós um desejo de respeito pelas normas fundamentais que garantem a existência humana. Nossa consciência oferece-nos uma capacidade de diferenciar erros corriqueiros daqueles que parecem inviabilizar o convívio em sociedade. Como, novamente, diria Paulo: “em nosso interior, consintimos com a Lei, que é boa”.
Assim, se, por uma lado, sabemos e reconhecemos que pecamos, por outro, não aceitamos certos pecados que consideramos mais graves, menos toleráveis, insuportáveis ou hediondos. Não aceitamos o assassinato, a corrupção, a farra com o dinheiro público, o estupro, o mal trato de crianças ou idosos, o sequestro, a agressão, a violência gratuita e desmedida. Tudo isto nos revolta. Agride nosso senso de justiça.
No salmo 43, último trecho de uma profunda lamentação iniciada em 42, o exilado expõe sua revolta contra a injustiça que lhe foi imposta por uma nação contenciosa. Sentia-se ultrajado, violentado, invadido em sua integridade e dignidade, prejudicado, agredido, humilhado. Foi privado injustamente pelos exércitos inimigos de sua grande alegria: comparecer ante o altar de seu Deus. Não queria aceitar essa situação e por isso revoltou-se. Inclusive contra Deus (por que me rejeitas?).
No salmo 43, último trecho de uma profunda lamentação iniciada em 42, o exilado expõe sua revolta contra a injustiça que lhe foi imposta por uma nação contenciosa. Sentia-se ultrajado, violentado, invadido em sua integridade e dignidade, prejudicado, agredido, humilhado. Foi privado injustamente pelos exércitos inimigos de sua grande alegria: comparecer ante o altar de seu Deus. Não queria aceitar essa situação e por isso revoltou-se. Inclusive contra Deus (por que me rejeitas?).
Mas a revolta do salmista – que já manifestou seus sentimentos de perda e impotência devido sua nova realidade – também dá lugar à esperança. Mais uma vez seu grito confiante ecoa neste salmo: Espera em Deus, pois ainda o louvarei! Nem tudo está perdido. A verdade e a luz de Deus ainda podem conduzi-lo de volta aos tabernáculos. Sua harpa ainda há de tocar e seu louvor ainda será oferecido na presença de seu Deus. Na revolta ainda há esperança.
Por isso, o salmo é uma lição importante sobre como lidar com nossa revolta ante as injustiças e a violência de pessoas que não temem a Deus. Nele aprendemos que nossa revolta deve transformar-se em clamor diante daquele que pode nos fazer justiça e pleitear nossa causa. Não há justiça em nossas mãos. Não estamos aptos para julgar. Deus é nossa fortaleza. Só Ele pode nos livrar do fraudulento e injusto.
Se nos sentimos prejudicados e ameaçados, a Ele devemos recorrer. Ele é o nosso auxílio e o nosso Deus. São Dele a luz e a verdade. Dependemos totalmente de Sua graça e misericórdia em situações de perigo ou violência. Ele é nosso ajudador.
Viver neste mundo é estar obrigado a conviver com as injustiças de toda sorte, com os crimes de toda espécie e com a maldade de toda ordem. Não devemos, contudo, nos acomodar e aceitar esta condição. Precisamos compreender que nossa revolta não significará nada se não confiarmos nossa causa àquele que pode nos fazer justiça: Jesus. Ele, indignado ante uma cidade maldosa e assassina de profetas, que também o injustiçou e assassinou, clamou a Deus e aguardou sua vitória final. Tornou-se o defensor de todos os que são injustiçados e maltratados.
Como disse: “bem-aventurados sois vós quando vos perseguirem, injuriarem ou, mentindo, disserem todo mal contra vós...”. Temos quem nos defenda. Temos um advogado. Temos um juiz. Confiemos e descansemos, portanto, na fidelidade do Justo Juiz.
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