quinta-feira, 14 de julho de 2016

Polícia de SC pede à Justiça que afaste pastor suspeito de crime sexual Apesar de ter sido indiciado, ele segue conduzindo cultos em Joinville. Em gravação, pastor admite a violência e diz que motivos foram religiosos.

Joinville, no Norte de Santa Catarina, a polícia pediu à Justiça que afaste um pastor das funções na igreja. Ele foi indiciado por posse sexual, mas segue conduzindo cultos, conforme mostrou o RBS Notícias desta terça-feira (21).
A vítima, de 30 anos, sofreu o abuso dentro da igreja. O pastor, de 47, foi indiciado pela Polícia Civil por violação sexual mediante fraude. Isso significa praticar ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima. O crime prevê pena de dois a seis anos de prisão.
Crime
"Ele passou a mão em vários lugares e eu não conseguia me mover, eu só pedia a Deus para sair dali. Eu... primeiro não consegui entender. Eu falei 'Meu Deus, o que que está acontecendo?'", disse a vítima à RBS TV.
Depois do crime, a vítima voltou à igreja e gravou uma conversa que teve com o pastor sobre o abuso. "Quando o senhor pegou por dentro da minha calça...", começa a mulher, no áudio. "Tocou. Tocou. Sim.", responde o pastor. "Eu me senti envergonhada", diz a vítima. "Eu estava repreendendo o que estava ali", declara o suspeito."Eu fiquei muito mal. Não conseguia dormir, não conseguia comer. Fechava o olho eu lembrava... Lembrava dele. Porque a cena ali foi muito horrível. Ele parecia um monstro", continuou a mulher.
"Mas é necessário?", pergunta a mulher. "É necessário. Pôr a mão aqui, aqui... para que ele saia", responde o pastor.

"Nesse áudio, que inclusive foi franqueado ao investigado por ocasião do interrogatório, ele deixa muito claro o que ele fez", afirmou a delegada responsável pelo caso, Tânia Harada.
Inquérito concluído
O caso agora segue para o Ministério Público de Santa Catarina. No final de maio, a delegada pediu à Justiça que o pastor ficasse proibido de exercer a função na igreja.
Nesse mesmo dia, a RBS TV fez imagens dele em uma sessão religiosa para dezenas de fiéis. A delegada ainda aguarda decisão da Justiça.
"O inquérito já está concluído. Ele tem um respaldo probatório bom, que não me deixa margem nenhuma a dúvida de que esse abuso ocorreu, de que essa moça é vitima", afirmou a delegada.
O suspeito foi procurado pela RBS TV, mas se negou a conversar com a equipe. A reportagem também tentou contato com o advogado do pastor, mas ele não foi encontrado. A RBS TV entrou em contato também com a sede da igreja evangélica do suspeito, mas o responsável não quis se pronunciar sobre o caso.
Abuso e gravação
A mulher conheceu o pastor após procurar uma igreja evangélica de Joinville enquanto passava por problemas pessoais. Ele pediu que ela voltasse no dia seguinte para receber uma oração individual. Ao final dessa sessão que o abuso ocorreu.
A vítima já havia sofrido abusos sexuais quando criança. Foi abusada pelo avô dos 6 aos 11 anos de idade. "E eu, agora, com 30 anos, passar por isso? Na hora, eu entrei em choque", disse a mulher à RBS TV.
Depois da violência, a vítima procurou a delegacia e foi orientada por um policial a produzir provas. Ela gravou a conversa com o pastor recontando o que tinha acontecido. Quando ouviu a gravação durante o interrogatório, ele confessou a prática. Mas, antes, chegou a sustentar a versão de que o abuso teria motivo religioso.
"Eles não sabem o mal que eles estão fazendo, que não é só aquele momento. Um mal desses pode afetar para o resto da sua vida", disse a vítima à reportagem.


g1

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